Foto Jezael Melgoza |
A relação entre prevenção da criminalidade, arquitetura e desenho urbano tem se tornado uma área de estudo cada vez mais importante e uma das principais teorias nesta área é o conceito de "Crime Prevention Through Environmental Design" (CPTED) ou Prevenção de Crime Através do Desenho do Espaço Construído, que argumenta que a arquitetura e o desenho urbano podem ser usados para inibir a criminalidade. O CPTED se concentra em quatro áreas-chave: vigilância natural, controle de acesso natural, reforço territorial e manutenção.
A vigilância natural se refere à capacidade de ver e ser visto em um espaço público. O conceito deriva do conceito "Olhos nas Ruas", criado pela urbanista Jane Jacobs no seu livro Vida e Morte de Grandes Cidades. Isso pode ser alcançado através de janelas, portas, grades, vitrines etc voltadas para a rua; a existência de atividades nos pavimentos térreos voltados para as calçadas, bem como o aproveitamento da topografia do terreno para permitir visibilidade.
Controle de acesso natural é o design de limites bem definidos entre áreas públicas e privadas. Isso pode ser obtido com mudanças na pavimentação, uso da vegetação e iluminação, além de barreiras físicas como muros, espelhos d'água e cercas, para controlar o acesso aos diversos espaços.
O reforço territorial se refere ao uso do desenho urbano e da arquitetura para criar uma sensação de propriedade e pertencimento em um espaço público. Isso é alcançado através de elementos como bancos, jardins, mobiliário urbano e também iluminação; elementos que ajudam na criação de uma territorialidade, de um "lugar", na acepção do antropólogo Marc Augé, que permita uma identificação dos seus moradores e frequentadores assíduos.
Por fim, manutenção preconiza a prevenção da degradação do espaços públicos, edifícios e mobiliário urbano para que não tornem-se atrativos para a criminalidade. Esse último conceito faz uma ponte direta com a "Teoria das Janelas Quebradas", "Fixing the broken windows", desenvolvido por George Kelling, que sugere que a manutenção dos espaços públicos e a correção de pequenos problemas pode ajudar a prevenir crimes maiores. A ideia é que o desrespeito às normas sociais e ao bem-estar público, como o vandalismo, por exemplo, sejam vistos como sinais de negligência e desrespeito, que podem levar a uma sensação de permissividade e descontrole.
Em resumo, o design arquitetônico e o desenho urbano podem desempenhar um importante papel na prevenção da criminalidade urbana. A aplicação de princípios como CPTED e "olhos nas ruas" podem ajudar a criar espaços públicos seguros e inibir a criminalidade. Esses são princípios que arquitetos, urbanistas, planejadores e membros de uma comunidade - seja um condomínio, uma rua ou mesmo um bairro - podem implementar com certa facilidade e sem precisar de grande projetos de intervenção para alcançar resultados rápidos e satisfatórios.
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